Com o futebol suspenso, jogadores da várzea sofrem efeitos da pandemia

sergiospires

 
Atletas chegavam a receber entre R$700 e R$1000 na Baixada Fluminense.

Não é só o futebol profissional que sofre os efeitos da pandemia do coronavírus. No Rio, enquanto a Ferj e clubes calculam o prejuízo financeiro e avaliam o momento de voltar às competições, os jogadores do futebol de várzea compartilham incertezas. Mesmo com orçamento muito menor do que o praticado no futebol profissional, ainda assim, o futebol amador é o que garante uma parte importante da renda de seus atletas, que agora sofrem com os campeonatos interrompidos.

Douglas Castanheira é um deles. Morador do município de São João de Meriti, antes da pandemia, ele projetava jogar três competições na Baixada Fluminense nos próximos meses, por times diferentes. Douglas foi jogador profissional, e defendeu clubes tradicionais do Rio, como o América, Portuguesa-RJ e Bonsucesso.

Hoje, tem 30 anos e está aposentado das competições oficiais, mas a experiência e a qualidade fazem dele um nome cobiçado na várzea. Consequentemente, é remunerado em boa parte dos jogos. Se os campeonatos estivessem em andamento, o jogador estima que estaria recebendo entre R$800 e R$1000 por mês. Dinheiro que faz falta pois, somado ao rendimento de entregador de uma rede de fast food, ajudava a sustentar suas três filhas.

– Tem uns times que pagam R$100, R$200, outros pagam R$150. Se for clássico, pode ser maior. A gente vai nivelando. Onde ajudar, onde pagar mais, a gente vai. Tem dia que a gente joga dois ou três jogos. Num domingo, já cheguei em casa com R$400, com 3 jogos. Infelizmente, a gente tá parado e o campeonato ajuda muito – lamentou.

O volante Jackson Junior foi outro que viu a renda diminuir. Ele jogava competições no Rio e em Minas. Uma delas, também em São de Meriti, estava na semifinal, quando os clubes pagam mais.

– A liga do Campo do Coqueiro já estava na fase semifinal. Eu estava recebendo a cada jogo uma ajuda para R$100 e podia aumentar. Tem a Champions também, que ia começar. É o campeonato em que a gente ganha o maior valor, porque o retorno existe para os clubes – contou.

Tags
To Top